25 de fevereiro de 2012

Vídeo: Agridoce no Quiosque do Thunder

Pitty e Martin visitam o Quiosque e ganham mais um integrante pro Agridoce: o Thunder! Juntos tocam a música "130 Anos".

19 de fevereiro de 2012

Agridoce- Entrevista pro Jornal do Commercio sobre o Festival Rec-Beat


Atração do Rec-Beat, Agridoce mostra Pitty mais 

intimista

E você tirar férias daquela atividade que te sustenta. E o que você faz? Resolve se dedicar a uma ocupação semelhante. Tal situação não é tão incomum no mundo da música e foi o que aconteceu com Pitty e o guitarrista da sua banda, Martin Mendezz. Os dois resolveram aproveitar tempo ocioso do grupo da cantora para criar o Agridoce, que segue linha mais intimista, lúdica e, de certa forma, mais experimental do que o trabalho “oficial” dos dois. No fim do ano passado, o duo lançou CD homônimo, que será apresentado na noite de segunda, no festival Rec-Beat.

Martin se mostra muito satisfeito com a recepção que o trabalho vem tendo. “Vejo alguns admiradores de Pitty nos acompanhando assim como tenho percebido, cada vez mais, caras novas nos shows. Acho que esse é o melhor resultado que poderíamos esperar: trazer os fãs da banda de rock para uma viagem diferente e agregar esse público totalmente novo”, reflete.
No disco, há músicas em português, inglês e até francês. A maioria cantada por de Pitty, mas Martin também põe a garganta à prova. Apesar de encarado de maneira despretensiosa no início, olhando em retrospectiva, o Agridoce é visto por eles como uma grande oficina de composição e gravação. “Todo aprendizado é válido e esse nos leva para outras searas enquanto compositores e músicos”, destaca Pitty. “Acho que nunca compusemos tanto em parceria e nem gravamos com tanto desapego como nesse disco e isso só tem a acrescentar aos nossos outros trabalhos”, diz Martin.
A dupla baiana alicerçou as gravações do disco no piano (tocado por Pitty) e no violão (comandado por Martin), mas também podem ser ouvidos elementos rítmicos e preocupação esmerada com os timbres de percussão, guitarras, sintetizadores e batidas sampleadas.



Indagados sobre se observam paralelos entre os carnavais do Recife e Salvador, os dois não se furtam a criticar esse e elogiar aquele. “Enquanto que em Salvador vejo cada vez mais uma cultura de mercado calcada no lucro e na exclusão, no Recife vejo uma festa democrática e muito marcado pela diversidade”, afirma Martin.
Pitty entende que as duas festas funcionam como celebrações importantes para a cultura brasileira. Concorda com o parceiro sobre o leque maior de expressões artísticas disponíveis no Recife e da sua capacidade de unir em vez de segregar. Em Salvador, porém, diz que sempre se sentiu excluída enquanto público. “É uma festa que não era pra mim. Acho bacana essa coisa de que no Recife qualquer um é todo mundo. Preto, branco, rico, pobre. Todos dividindo a mesma rua. Cada um com sua própria fantasia e sua individualidade. E a ludicidade vai às alturas. Quem você quer ser dessa vez?”.

Pitty- Homenagem ao cantor Wando

Grandes nomes da música brasileira fazem homenagem ao cantor Wando. O clipe conta com a participação de Pitty, Paula Fernandes, Diogo Nogueira, Claudia Leitte, Elymar Santos e Cauby Peixoto. Confira o vídeo abaixo:  



Me Adora- Rádio Sangre

A Radio Sangre não é uma estação de rádio, nem mesmo um programa. Por via das dúvidas, também não é uma banda. A Radio Sangre é um projeto idealizado e criado pelo produtor/DJ Rotiv (pseudônimo de Vitor Venturin) com o intuito de transformar o rock brasileiro em versões eletrônicas obscuras e distorcidas e levá-las para as pistas de dança. Segundo Rotiv: “É uma rádio imaginária onde a música popular é dissonante e desarmônica, com influências do rock, industrial, soul, jazz, samba e percussões africanas e latinas”. A Rádio Sangre apresenta em seu primeiro trabalho, remixagens das bandas: Matanza, Pitty, Dead Fish, Rancore, Jennifer Lo-Fi, Mukeka Di Rato e Nação Zumbi.


Escute abaixo Me Adora- Pitty:

Agridoce: Capa da Revista Ragga

O duo Agridoce Pitty Leone e Martin Mendonça são capa desta edição da Revista Ragga. Confira a super entrevista em versão digital clicando aqui. Ou então leia a matéria na íntegra abaixo:



Por: Sabrina AbreuFoto: Roberto Assem


Em projeto paralelo Pitty Leone e Martin Mendonça formam o duo Agridoce com letras solares e arranjos melancólicos, além de outras misturas dúbias. Porque tudo tem mais de um lado.

A voz para acompanhar o violão e interpretar versos escritos por algum homem. Esse foi o papel da mulher na música brasileira, até os anos 1960, quando o rock e uma menina chamada Rita mostraram que havia outros formatos possíveis. Uma figura feminina poderia, sim, liderar os músicos, compondo as próprias canções, fazendo experimentações vocais e instrumentais. Nos anos 2000, Pitty Leone surgiu como fruto mais atual - e bem sucedido - daquelas conquistas sessentistas. Com sua banda homônima [na qual e acompanhada pelo guitarrista Martin Mendonça, o baterista Duda Machado e o baixista Silvano Joe], foi aprovada pela crítica, pelas paradas musicais de todo o Brasil.
O sucesso consolidado no rock nacional não foi empecilho para que ela passasse a buscar outras sonoridades que expressassem sua arte. Encontrou-as ao lado de Marin, músico de sua banda principal, com quem criou o duo Agridoce, projeto acústico lançado em 2011.
Pitty, de 34 anos, e Martin de 35, se conheceram em Salvador, onde nasceram. Lá, os dois iniciaram a carreira em diferentes bandas - ela passou pela InKoma e ele foi parte da formação do Cascadura, entre outras. Com diminuta cena do rock no local não foram poucas as vezes que os dois se esbarraram desde a adolescência. Mas a amizade se intensificou em São Paulo, em algum momento entre 2003 e 2004. Ela já morava na cidade e Martin passava uns meses na casa do baixista Joe, vizinho de Pitty. Depois de almoços juntos e confidências sobre a vida afetiva passaram a dividir também a rotina de trabalho: Martin se juntou à banda da cantora.
Há dois anos, desenvolveram o hobby de compor e tocar músicas com levada folk. Quem ouvir os registros gravados de forma despretensiosa gostava e sugeria que o repertório acumulado virasse disco. Nas férias da banda principal, Pitty e Martin decidiram se isolar por 22 dias numa casa no alto da Serra da Cantareira (junto ao produtor Rafael Ramos, o fotógrafo e videomaker Otávio Sousa e Jorge Guerreiro, engenheiro de som) para gravar o álbum Agridoce (DeckMusic). O resultado são 12 faixas delicadas e shows sinceros, como o que assisti na noite anterior ao nosso encontro, na rua da Consolação, em São Paulo.
Começou como uma brincadeira, mas a figura na lista dos 25 melhores álbuns do ano passado, segundo a Rolling Stones Brasil (no 16º lugar). A música de trabalho, Dançando, está noutra lista da mesma publicação (9º lugar). Para os dois, segue sendo divertido (e não valeria a pena de outro jeito). Quanto à repercussão desse trabalho feito exclusivamente visando o prazer, Pitty só faz questão de esclarecer algum ponto quando alguém coloca pesos diferenciados para ela e Martin dentro do projeto. "Somos uma DUPLA", ela explicou, em caixa alta no Twitter. São uma dupla, mesmo, do tipo que completa a resposta um do outro e sempre acha alguma história para relembrar. Pura intimidade.

"Estamos descobrindo qual é a dinâmica de duo no palco. Ás vezes, funciona como no teatro sabe a escada? Um dá a deixa e o outro completa" -Pitty


Ontem, em certo momento, a Pitty falou: "Martin, dê oi para o pessoal", e você falou "Oi, pessoal", parecendo ser tímido. Como tem sido ter mais visibilidade no palco?
Martin:
Estou lidando com isso. Antes de a gente concretizar o Agridoce, eu tinha um projeto com o baterista que toca com a gente, Martin e Eduardo. Me deparei com isso e era até pior, porque eu era o único cantor . Tem sido  um processo para me adaptar . Toco desde os 18 anos e desde então ser guitarrista é uma zona de conforto muito grande para mim, lá me encontrei e tudo é muito familiar. Sinto, sim que estou num período de adaptação, não é só uma questão de estar em evidência: você vira um catalisador entre a obra e o público que está absorvendo aquilo. É uma responsabilidade e- isso não é papo hippie - uma troca de energia muito grande. Mas, no geral, não sou muito tímido não.
Pitty: Ele não é nem um pouco tímido. A personalidade dele é superexpansiva, faz amigos com facilidade, conversa com todo mundo sobre todos os assuntos que você puder imaginar. Se encontrar numa noite um padre, um jogador de futebol e uma prostitua, ele vai trocar ideia com os três e todos os três vão sair apaixonados por ele, dizer "Martin é incrível". Mas como ele está falando, no palco, ainda está se adaptando. Na verdade, nós dois estamos descobrindo qual é a dinâmica de duo no palco. Ás vezes funciona como no teatro. Sabe a escada? Um dá a deixa e o outro completa. E funciona dessa forma não porque a gente quis ou ensaiou, é porque é assim na vida, a gente fica perturbando um ao outro. É um reflexo no palco do jeito como você é.

As letras são autobiográficas?
Pitty:
Todas são. Para mim, não existe arte sem você estar muito ali. Eu não conseguiria, tenho que minimamente viver ou sentir uma empatia com aquilo de um jeito mais profundo, não teórico.
Martin: No meu caso, nem sempre diz respeito a uma experiência específica, mas é um condensado do que passei e do que observei os outros passarem.

Quanto tempo se passou desde que vocês começaram a fazer as músicas do que um dia seria o agridoce?
Martin:
Cerca de dois anos desde que a gente começou os primeiros ensaios. É isso, não é [se vira para Pitty]?
Pitty: É. Eu estava me lembrando de alguma coisa ...
Martin: Do que você estava se lembrando [em tom de brincadeira]?
Pitty: Peraí, estava tentando me lembrar de alguma coisa que considerei ser meio que um embrião, uma coisa que a gente fez ..
Martin: Talvez a turnê Vida de Mariachi, quando a gente começou a tocar com dois violões. tem um tempão. Foi antes de a gente começar a tocar para fazer o Agridoce.

Conta isso
Martin:
Rolou uma história para fazermos um programa de TV, num formato acústico. Ficamos noiados de fazer a voz e violão. Mas depois resolvemos aceitar. E fizemos uma viagem eu e ela, não tinha roadie, não tinha segurança, não tinha nada. Nós, dois cases de violão e cada um com sua mochilinha nas costas. Foi superlegal, a gente se divertiu muito.
Pitty: E tinha os atrasos de avião. Uma vez, a gente tomou um puta bolo no aeroporto, de ficar oito horas esperando um voo.
Martin: Aquela coisa seria mortificante numa situação normal, mas acabou sendo divertido
Pitty: A gente consegue transformar todas as coisas em fantasia, história. Nesse dia, inventamos "estamos vivendo a vida Mariachi", uma mente muito fantasiosa, a gente vai se embrenhando, parece criança mesmo. Então, criou "vida de Mariachi", que era os dois na estrada. E a gente tinha mania de falar em portunhol. E acabamos os dois fazendo uma tatuagem igual com isso escrito em Londres. A gente entrou no primeiro estúdio que viu - nele, inclusive, tinha uma placa na porta escrita: "Precisa-se de tatuador experiente" [risos]

Quem faz tatuagem num lugar assim?
Martin:
A gente. [risada]
Pitty: Tinha um tatuador búlgaro que não entendia quase nada que a gente queria dizer: "Um violão escrito 'vida de Mariachi'!"



Tem um verso da música Romeu, que diz "Eu me apavorei ao me ver tão feliz". A tal da autossabotagem. Vocês conhecem isso?
Pitty:
De trás pra frente e de frente pra trás. Tem uma frase, não sei se minha ou se foi outra pessoa que escreveu, mas até hoje me é muito verdadeira: "Eu sou aquela que está sempre a espera do caos". Eu estou. Principalmente quando está muito bom, penso "quando é que vai ficar bizarro?". Já tinha um pouco esse sentimento em Na sua Estante [do álbum Anacrônico, de 2006]: "estou aproveitando cada segundo/ antes que isso aqui vire uma tragédia". é uma sensação constante de que tem sempre algo à espreita e que não pode ser tão bom assim.
Talvez isso seja uma questão de personalidade. você também é assim, martin?
Martin:
Sim. Talvez por isso essa identificação tão grande entre nós dois. Minha mulher briga muito comigo, falando: "Você não consegue curtir o que está acontecendo, porque já está preocupado com o que vai acontecer depois". Mesmo que nem sempre seja tão fatalista a ponto de ficar pensando que vai ser pior, fico imaginando o que vai ser o próximo movimento que vai acontecer. Então, não tenho um estado de repouso, sentar numa espreguiçadeira, "que maravilha, está tudo bom na minha vida". Um estado de alerta que é constante. Por um lado sei que me consome muito - até mesmo fisicamente-, mas, por outro lado é meu mecanismo de sobrevivência e tenho certeza de que foi o que trouxe até aqui, é por isso que estou dando esta entrevista para você.

Como se envolveram com a música?
Martin:
Meu pai é de São Paulo, mas nasci em Salvador, minha família é de Salvador. Virei músico pela razão mais cretina, mais ridícula, sexista. Mas tenho que ser honesto... Tinha 3,14 anos, comecei a ouvir Metallica, Guns N' Roses, assistia aos shows deles e via o cara no palco, com aquela guitarra e pensava "Eu quero ser isto aí". Descobri a profissão que queria para minha vida. Nunca tive vontade antes, não toco desde moleque. Quando era criança, meu pai tentava me fazer tocar violão, flauta ... e eu era um desastre. Tem uma cena que lembro até hoje: meu pai comigo no quarto me ensinando a tocar flauta doce e ele jogou as coisas assim: "Desisto, você não serve para isso não" [risos]. Não tenho uma coisa romântica para lhe dizer, [do tipo] "sempre quis isso". Meu pai tinha uma discografia incrível que herdei, com tudo dos Beatles e dos Stones, mas resolvi ser músico para ser roqueiro, não músico profissional. Não tenho perfil de músico profissional.
Pitty: Graças a Deus.
Martin: Não sou superinstruído, não sou rigoroso, dogmático e com rotinas de estudos, nada disso. Gosto de subir ao palco e tocar.

E deu certo com as meninas, na época:
Martin:
Funcionou, funcionou.

E você Pitty, como começou?
Pitty:
Ao contrário dele, tenho uma coisa romântica para dizer. Eu tinha música em casa desde pequena, já sentia uma faísca, mas não sabia o porquê. Meu pai me incentivou muito a tocar meu violão. Ele era músico de barzinho, tinha um bar e era o artista na sexta-feira à noite. Então, aquilo é uma imagem que eu tenho muito forte. Achava tão incrível as pessoas cantando com ele e o que a música fazia naquele pequeno ambiente de um bar. As pessoas, aquela alegria ali, a sensação do fim de semana à noite. Nunca imaginei que iria ter banda. Comecei com karaokê, no colégio em qualquer lugar que pudesse. Uma vez ganhei um karaokê na Ilha de Itaparica, no carnaval. Já te contei essa [vira-se para Martin]?
Martin:
Cantando o quê?
Pitty: Rapaz, cantando Cheiro de Amor. Com 8 ou 9 anos de idade. Bailinho de carnaval na Ilha,  ganhei [risos]. Ao mesmo tempo, para mim, veio muito mais a coisa da escrita, de transformar o que você escreve em canção do que o instrumento e a harmonia. Montei a minha primeira banda, bem cedo, banda de colégio, um fracasso completo, terrível.
Martin:
Te mostro a minha primeiro.

Como chamava a sua, Martin?
Martin:
Zé.

E a sua:
Pitty:
Metáfora

Metáfora é um nome metido.
Pitty:
[Risos] Eu que batizei, por causa do Metallica. Inclusive, convenci o pessoal da banda a usar a mesma fonte.
Martin: Ah, não. O "emezinho" com a perna puxada?
Pitty: Claro que sim. Havia divergência, porque havia quem pensasse que deveríamos tocar um axé no meio, para agitar a galera, e eu ficava indignada, "não pessoal, vamo no rock".
Martin: Engraçado isso, porque você tinha a coisa da escrita e essa necessidade de achar um veículo para se expressar. No meu caso, comecei belo oba-oba, para ser rockstar e, no decorrer da história, essa frivolidade ficou para trás. Você perguntou se funcionou [para atrair garotas]. Funcionou, mas, no final, isso é vazio e frustrante. Acabei descobrindo outra coisa mais profunda. E agora, com o Agridoce, tem sido uma experiência maior de usar isso como bálsamo. E tem algo que descobri, que é escrever letra. Antes pensava: "Não sei escrever letra". Ela me ajudou muito quando comecei os primeiros esboços para o disco Martin e Eduardo [2010], mostrava para ela superinseguro e ela falava o que achava massa, o que não achava. Mas foi uma mãe sempre me empurrando. Meu processo foi o contrário, acabei encontrando essa relação mais romântica e profunda [com a música] mais tarde.

A Pitty falou que queria que este disco contasse uma história que tivesse princípio, meio e fim. Claro que ela depende de quem vai ouvir, cada um entende de um jeito. Mas, para vocês, que história é essa?
Martin:
Acho que, mais do que pegar o conteúdo do lírico, a história não é contada através das letras ou do que diz cada música. O disco conta a história de nós mesmos, dessa empreitada, de termos abraçado esse projeto com dedicação e entrega. de termos saído da cidade e ficado 22 dias sem contato com nossas famílias, nossos problemas e entretecimentos. Acho que, no final, é mais isso do que uma outra coisa sendo contada. É a casa. Uma coisa que acho que é muito boa é se deixar entrar no disco, ele tem uma desde a sonoridade que é peculiar por ter sido gravado num lugar que não é um estúdio, não tem preparo acústico, até os instrumentos utilizados.
Pitty:
Foi exatamente o que me referi quando citei uma história. Não é algo explicável com palavras, mas de como aconteceu. Quando a gente estava montando o disco, pensou "tem que dar um jeito de fazer as pessoas quando escutarem se sentirem lá, serem realmente transportadas para este universo que a gente acabou criando lá." E a solução foi abrir a primeira faixa com o som do ambiente da casa, você dá o play e a primeira coisa que você escuta, antes de qualquer música é o som do lugar, a água, um pássaro, um barulhinho ali. É como se você estivesse abrindo a porta. E era o que a gente queria. "Ouve daqui de dentro, não ouve de onde você esá. Eu não sei onde é, não sei onde você mora, onde você trabalha, como é sua vida. Mas sai daí um pouco e vem pra cá"

Vocês conheceram a casa antes de chegarem para as gravações?
Martin:
Não. Foi surpresa total, ninguém tinha colocado os pés lá até que a gente chegou com todos os equipamentos para montar e liga. Isso foi muito lindo, era um risco enorme que a gente tava correndo, de cair numa puta roubada e falar "mão tem lugar onde soa bem o piano, não dá para gravar violão em lugar nenhum". Mas parecia que a casa tinha sido feita para isso. Não ache que alguém já gravou alguma coisa ali ou fez com esse objetivo, mas tinha um tabladinho onde supostamente deveria existir a mesa de refeições principal - e ele ficou perfeito para gravar o piano. Tinha uma salinha para tocar a técnica e passar os cabos, vidro perfeito para pendurar os microfones. Foi paixão à primeira vista.
Pitty:
A gente deixou muito ao acaso atuar, aquela característica que a gente tem no trabalho, na vida, de se jogar e pagar para ver. Poderia ter dado supererrado. Mas deu certo.

Já voltaram lá depois disso?
Pitty:
Ainda não. Quero voltar, mas, ao mesmo tempo tenho um pouco de medo ... Essa idealização da casa, essa coisa que tem na minha cabeça já é tão foda, que dá medo de estragar, então não sei se prefiro deixar como está ou se em algum momento vou visitar. Mas tenho saudade. A gente vê coisas, vídeos gravados lá para pensar num possível documentário e sempre que vejo morro de saudade, uma nostalgia enorme, porque, realmente, foi um período mágico.
Martin:
Desde o primeiro dia a gente sabia que umas duas semanas depois que terminaram as gravações, a gente se encontrou de novo - com Jorge [ Guerreiro] , o engenheiro de som, e o Rafael [Ramos, produtor]- e todo mundo estava padecendo de uma falta enorme. O Jorge falava: "Agora tem bacon lá em casa, minha mulher está brigando comigo", porque na casa tinha bacon no café da manhã. O outro sentia falta da piscina. A gente passou um período numa câmara de descompressão. A gente estava se readaptando a nossa realidade e à regra. Uma coisa engraçada foi uma coisa física, mas bastante significativa: a gente não conseguia calçar o tênis depois de sair da casa. Se você passa 22 dias descalça, a plano do seu pé abre. Então, não cabia, doía. Ligava um para o outro falando que não conseguia calçar sapato.
Pitty:
É engraçado, porque a gente é superurbano. Adoro a cidade, barulho.
Martin: Não foi qualquer mato, foi aquele mato que fez isso com a gente, que deixou essa saudade.

E como é a relação de vocês com São Paulo?
Pitty:
 Vim no primeiro disco, cheguei aqui e encontrei meu lugar. Uma coisa que sempre tive dentro de mim e que não conseguia exercer na minha cidade natal, que é tudo isso. Esse tipo de música, clima, balada, teatro, vários shows para assistir. A cidade. Efervescência cultural. Cheguei e me encontrei. Não gosto de calor.
Martin:
 primeira vez que vim pra cá, pensei: "Quero morar aqui". Vim apaixonado e estou apaixonado até hoje.

Como tem sido a resposta desses primeiríssimos shows, músicas?
Pitty:
 Muito legal. na verdade para mim, foi muito surpreendente. A gente gravou a primeira demo lá em casa, colocamos no MySpace, coloquei um link no Twitter e nem falei mais nada. Só um link. A galera começou a gostar muito. As pessoas começarem a responder muito a isso "vai ter mais?""queremos ouvir outra" ou "muito legal". E começou a sair matérias em lugares, coisas que a gente não tinha buscado. A gente não tinha buscado: a demanda veio de fora.E a gente achou ótimo, que massa que as pessoas se interessam por uma coisa que a gente fez. Virou isso, foi um sentido legal pra gente pensar em gravar mais músicas e ter vontade de compartilhar com as pessoas. Mesmo se as pessoas não tivessem gostado, tenho certeza de que iríamos continuar gravando e guardando pra gente. A gente fez primeiro porque gosta e, segundo, compartilhou porque outras pessoas gostaram.

Mas esse retorno tão grande de primeira tem a ver com o fato de você ser muito famosa?
Pitty:
 Acredito que a atenção tenha a ver com isso.
Martin:
 O retorno, sim, mas o caráter do retorno, não. inclusive seria um prato cheio para o pessoal falar mal.
Pitty:
 E não estamos falando só do retorno de quem não me conhece [pessoalmente]. mas retorno de quem conhece- do meu marido, da mulher dele [Martin], do Rafa, pessoas próximas que ouviam e falavam "massa, tem mais?". Esse era pra gente o retorno mais significativo. Não desmerecendo as outras pessoas, mas a gente sabe que, por causa disso que você falou [o fato de já ser famosa], vai gostar de qualquer coisa, porque tem meu nome ali. Existe essa parcela, a gente sabe. O retorno dos próximos era um indicativo importante, porque eles são sinceros.
Martin:
 Se pensassem "ah, é só uma loucurinha de vocês", não iriam apoiar o trabalho. o Daniel [Weksler], marido da Pitty, falava: "Vocês têm que gravar um disco, vão horrorizar"

Pensam em escrever literatura?
Martin
: Ela escreve horrores.

Lançaria?
Martin:
 Ela vai lançar. [Vira-se para Pitty] Você disse que lançaria um livro de contos.
Pitty:
 Falei, mas não sei se vou.

E o que vocês gostam de ler?
Pitty:
 Gosto de ler biografias, gosto muito de filosofia também. Estou numa fase muito biográfica de rock, li várias na sequência. Gosto de pouca coisa de poesia, gosto dos ultrarromânticos, dos byronista, do Bukowski. Existencialista pra caralho, Sartre, Simone de Beauvoir. Gosto de Clarice Lispector e de contos com essa pegada que ela tem. Uma porção de coisa.
Martin:
 Vou muito nesses aí também, mas gosto muito de literatura americana da época da depressão, sou apaixonado. Sou fã de Scott Fitzgerald, especialmente de um livro, uma coletânea que se chama Seis Contos da Era Jazz e outras histórias. Sensacional, compre o livro e leia o da biblioteca.

Já leu 'Paris é uma Festa':
Martin: Ainda não.

Nele, tem um capítulo bonito em que o Hemingway escreve sobre o Fitzgerald, de como se conheceram e tal.
Pitty:
 Também quero ler. Você viu o filme do Woody Allen [Meia-noite em paris], né?

Vi. E já que você falou dele, se pudessem revisitar uma época, para qual iriam?
Martin
: Eu quero é ir pra frente. 
Pitty:
 [Risos] Mas a pergunta é se pudesse voltar [risos]. Se eu só tivesse essa opção, iria para o final dos anos 1960. Sessenta e oito.

Mas, ao mesmo tempo, você falou hoje [antes da entrevista começar] sobre nossa marcha rumo ao fim: "nós todos aqui e a rainha da Inglaterra vamos morrer." então, se acelerar, se for pra frente, vai chegar ao fim mais rápido.
Pitty:
 Ou não: de repente a gente dá um jeito de reverter essa porra aí.
Vocês têm alguma crença quanto ao que vem depois da vida?
Pitty:
 Depois é o silêncio.
Martin:
 Esse é o aspecto que me aterroriza mais. Ás vezes eu gostaria de ter uma fé muito cega, numa possibilidade de pós-existência. Não é uma questão sobre a qual eu reflita muito ou tenha muita autoridade de falar, mas no apanhado geral acho que não vai acontecer nada. Por isso acho que fico mais desesperado. com vontade de fazer coisas. Acho que tudo é aqui, aqui é o céu e é inferno. Fico com vontade de aproveitar os dois.
Pitty:
 È muito consoladora essa ideia que o ser humano cria [de uma outra vida após a morte]. São estratégias para não enlouquecer, porque o mistério angustia mais do que qualquer coisa.
Martin:
 É também um mecanismo de controle. Se você quiser entrar na lista vip, não beba, não fume, não foda.
Pitty:
 Mas acho que antes de cair na mão de uma galera muito espera que transformou o meu consolo em mecanismo de controle, era um grupo de pessoas que não queria sucumbir à angústia.

Misturando, então, a ideia de morte com Woody Allen: no filme Manhattan [1979], o personagem dele pensa em se matar, mas desiste, depois de fazer uma lista das coisas que fazem a vida valer a pena, como uma música ou um ator. Qual a seria a lista de vocês?
Martin:
 Minha mulher, meus dois filhos, meus melhores amigos e um violão afinado.
Pitty:
 Afinado é muito importante.
Martin:
 Senão, você briga comigo.
Pitty: Deixa eu pensar ... [Rafael Ramos, produtor do disco Agridoce, interrompe dizendo "Os Beatles, o Bob Marley e os Rolling Stones"]. 
Pitty:
 Pode colocar a lista dele, que está muito boa. Mais os meus gatos, meu marido, meus amigos. É isso que vale a pena.


15 de fevereiro de 2012

Pitty entre a dez brasileiras que substituem Bündchen em campanha de joias



Para estrelar a nova coleção de joias, a Vivara reuniu um time eclético de 10 mulheres brasileiras. Após Gisele Bündchen, que foi garota-propaganda da marca por 4 anos consecutivos, outras celebridades se reuniram para um ensaio bastante feminino dirigido por Giovanni Bianco.
Mariana Ximenes, Juliana Paes, Sabrina Sato, Laura Neiva, Pitty, Sheron Menezes, Beth Lago, Maria Frering e as tops Alessandra Ambrósio e Carol Trentini foram clicadas pela dupla mais respeitada em fotografia de moda internacional, Mert Alas e Marcus Piggott, que possuem extenso currículo em campanhas de moda internacionais e trabalhos com Madonna.
A sessão de fotos aconteceu no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, entre os dias 20 e 22 de janeiro. Renata Correa assinou o styling e Daniel Hernandez foi o responsável pela beleza do casting estrelado.As imagens oficiais da campanha erão divulgadas a partir da segunda quinzena de março.

Vídeo: Making off:





Fonte: Terra


12 de fevereiro de 2012

Pitty participará de homenagem a Alceu Valença


A cantora Pitty foi confirmada como parte dos artistas que farão um show em homenagem aos 40 anos de carreira do músico Alceu Valença. A apresentação ocorrerá na abertura do Carnaval de Recife na próxima sexta, 17.
Criolo, Ney Matogrosso, Otto, Lenine, Karina Buhr e Lirinha são outros dos nomes que participarão do show, que contará com a direção musical de Pupillo, da Nação Zumbi. Canções consideradas clássicas no repertório de Valença como "Anunciação", "Coração Bobo" e "Bicho Maluco Beleza" estão previstas, mas a divisão do repertório só será anunciada no momento do show.
Em 2011, Pitty integrou o elenco que abriu o Carnaval de Recife. Sob a direção de Lenine, ela foi uma das doze cantoras que apresentaram o espetáculo Sob O Mesmo Céu, interpretando a música "Me Adora" para mais de 100 mil pessoas. Depois, fez um dueto com Céu (foto) em "Bicho de Sete Cabeças", de Zé Ramalho, e se juntou a nomes como Elba Ramalho e Fernanda Takai para uma versão de "Sob O Mesmo Céu", de Lenine.
O shows do Carnaval do Recife são gratuitos.
Antes da homenagem a Alceu, o músico Naná Vasconcelos fará a abertura com uma apresentação de maracatu. O carnaval recifense traz, entre os quatro dias de celebração, artistas como Lulu Santos, Beth Carvalho, Gaby Amarantos, Roberta Sá, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Junio Barreto, Reginaldo Rossi, Elba Ramalho, Marcelo Jeneci, Mombojó e China, entre outros. Participações especiais - como a da atriz Hermila Guedes no show de Gaby Amarantos - também estão previstas.
A programação do Rec-Beat, que também faz parte do carnaval de Recife, foi divulgada recentemente. Entre os destaques, estão atrações internacionais como Silver Apples, El Guincho, Oy-Joy Frempong e nacionais como Bixiga 70, Lirinha e Agridoce, entre outros.

(Fonte: Rolling Stone)