19 de fevereiro de 2012

Agridoce- Entrevista pro Jornal do Commercio sobre o Festival Rec-Beat


Atração do Rec-Beat, Agridoce mostra Pitty mais 

intimista

E você tirar férias daquela atividade que te sustenta. E o que você faz? Resolve se dedicar a uma ocupação semelhante. Tal situação não é tão incomum no mundo da música e foi o que aconteceu com Pitty e o guitarrista da sua banda, Martin Mendezz. Os dois resolveram aproveitar tempo ocioso do grupo da cantora para criar o Agridoce, que segue linha mais intimista, lúdica e, de certa forma, mais experimental do que o trabalho “oficial” dos dois. No fim do ano passado, o duo lançou CD homônimo, que será apresentado na noite de segunda, no festival Rec-Beat.

Martin se mostra muito satisfeito com a recepção que o trabalho vem tendo. “Vejo alguns admiradores de Pitty nos acompanhando assim como tenho percebido, cada vez mais, caras novas nos shows. Acho que esse é o melhor resultado que poderíamos esperar: trazer os fãs da banda de rock para uma viagem diferente e agregar esse público totalmente novo”, reflete.
No disco, há músicas em português, inglês e até francês. A maioria cantada por de Pitty, mas Martin também põe a garganta à prova. Apesar de encarado de maneira despretensiosa no início, olhando em retrospectiva, o Agridoce é visto por eles como uma grande oficina de composição e gravação. “Todo aprendizado é válido e esse nos leva para outras searas enquanto compositores e músicos”, destaca Pitty. “Acho que nunca compusemos tanto em parceria e nem gravamos com tanto desapego como nesse disco e isso só tem a acrescentar aos nossos outros trabalhos”, diz Martin.
A dupla baiana alicerçou as gravações do disco no piano (tocado por Pitty) e no violão (comandado por Martin), mas também podem ser ouvidos elementos rítmicos e preocupação esmerada com os timbres de percussão, guitarras, sintetizadores e batidas sampleadas.



Indagados sobre se observam paralelos entre os carnavais do Recife e Salvador, os dois não se furtam a criticar esse e elogiar aquele. “Enquanto que em Salvador vejo cada vez mais uma cultura de mercado calcada no lucro e na exclusão, no Recife vejo uma festa democrática e muito marcado pela diversidade”, afirma Martin.
Pitty entende que as duas festas funcionam como celebrações importantes para a cultura brasileira. Concorda com o parceiro sobre o leque maior de expressões artísticas disponíveis no Recife e da sua capacidade de unir em vez de segregar. Em Salvador, porém, diz que sempre se sentiu excluída enquanto público. “É uma festa que não era pra mim. Acho bacana essa coisa de que no Recife qualquer um é todo mundo. Preto, branco, rico, pobre. Todos dividindo a mesma rua. Cada um com sua própria fantasia e sua individualidade. E a ludicidade vai às alturas. Quem você quer ser dessa vez?”.